As criptomoedas são desenvolvidas por meio de processos tecnológicos que envolvem programação, computadores e a colaboração de voluntários. Dependendo da metodologia utilizada, qualquer pessoa com conhecimentos básicos pode criar um ativo digital.
Essa atividade é descentralizada e não requer a participação de governos ou bancos centrais, que normalmente são responsáveis pela emissão de moedas tradicionais.
Por outro lado, a facilidade de criação de criptomoedas também tem seu lado negativo. Embora muitos projetos sérios tenham sido lançados recentemente, o mercado também foi inundado por shitcoins (termo usado para descrever criptomoedas sem valor real). Além disso, golpistas frequentemente se aproveitam da simplicidade do processo para lançar moedas digitais fraudulentas.
Os criptoativos são ativos digitais que podem ser transferidos, armazenados e negociados em um ambiente virtual. Geralmente, eles são protegidos por criptografia, que é um mecanismo de segurança utilizado para codificar mensagens e dados.
Atualmente, o mercado conta com diversos tipos de criptoativos, sendo os mais populares as criptomoedas, que funcionam de maneira semelhante ao dinheiro tradicional, como dólar, euro ou real. Criptos como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), por exemplo, podem ser usadas como meio de troca, reserva de valor ou unidade de conta.
Além das criptomoedas, outros tipos de criptoativos incluem tokens não fungíveis (NFTs), utility tokens, tokens de governança, gamecoins, criptos relacionadas ao metaverso, fan tokens, e ativos digitais gerados por aplicativos de finanças descentralizadas (DeFi), entre outros. Em agosto de 2022, segundo o CoinMarketCap, havia quase 21 mil criptomoedas no mercado.
Esses ativos digitais têm em comum o fato de rodarem em blockchains, que são bancos de dados públicos que registram as transações dos usuários. Em blockchains públicas, como a do Bitcoin (BTC), não há controle governamental ou privado. A gestão é feita pelos nodes (nós), que são os participantes que mantêm o sistema funcionando.
Como as Criptomoedas São Criadas
As criptomoedas existem exclusivamente no ambiente virtual e são geradas por meio de códigos de computadores, utilizando softwares e hardwares específicos. Existem várias formas de produção, mas as quatro principais incluem:
1. Blockchain Própria
A primeira criptomoeda e blockchain do mundo foi o Bitcoin, e a partir dele surgiram outros ativos digitais, direta ou indiretamente. O Ethereum (ETH), por exemplo, nasceu a partir de modificações no código do Bitcoin, já que esses projetos geralmente são código aberto (open source), permitindo que qualquer pessoa possa copiá-los e adaptá-los.
Essa abordagem continua sendo usada hoje. Quem deseja criar uma criptomoeda “do zero” com uma blockchain própria geralmente utiliza como base outras criptos existentes, faz as modificações necessárias e lança a nova rede no mercado. No entanto, esse tipo de projeto exige um profundo conhecimento da tecnologia blockchain, além da necessidade de construir uma comunidade e uma rede de validadores para sustentar a cadeia.
Blockchain de Terceiros
A forma anterior aborda a criação de blockchains próprias com suas respectivas criptomoedas. No entanto, também é possível utilizar blockchains já existentes para criar novos tokens com regras e nomes diferentes. Isso é feito em plataformas que oferecem smart contracts (contratos inteligentes), protocolos que se executam automaticamente com base em regras previamente definidas.
A blockchain mais comum para a criação de novos tokens é o Ethereum. Os ativos digitais criados nessa rede seguem uma documentação técnica chamada “Ethereum Request for Comments” (ERC), que em português significa Solicitação de Comentários do Ethereum. No mercado, os tokens que seguem esse padrão são conhecidos como tokens ERC-20, sendo “20” o número que identifica essa regra.
É através desse método de “terceirização” que qualquer pessoa pode lançar novos tokens no mercado. O processo geralmente envolve a edição de um contrato inteligente já existente, onde se inserem informações do novo ativo digital, como nome e número de tokens. Com algumas configurações básicas, o token já pode ser criado e disponibilizado.
Mineração
A mineração é um processo que cria novas unidades de criptomoedas já existentes, sem gerar um ativo totalmente novo. É equivalente à emissão de moedas por um banco central, mas sem a necessidade de uma autoridade centralizada. O pioneiro nesse modelo foi o Bitcoin, que utiliza o algoritmo de prova de trabalho (Proof-of-Work, PoW).
Funciona assim: todas as transações dos usuários são registradas na blockchain do Bitcoin. Como não há funcionários para validar essas transações, os mineradores são os responsáveis por confirmar e validar as transferências. O processo é competitivo, e atualmente apenas grandes grupos com imenso poder computacional, conhecidos como “fazendas de mineração”, conseguem participar. Como recompensa, esses mineradores recebem 6,25 BTC, mas esse valor é reduzido pela metade a cada quatro anos, conforme as regras do código.
Staking
Outra maneira popular de gerar novas unidades de criptomoedas já existentes é por meio do staking. Nesse modelo, os participantes “trancam” suas moedas digitais na blockchain para auxiliar na validação das transações, e em troca recebem recompensas em criptomoedas. O algoritmo que regula esse processo é chamado de prova de participação (Proof-of-Stake, PoS).
A segunda maior criptomoeda, o Ethereum, está em processo de migração do modelo de prova de trabalho para prova de participação, prevista para ocorrer em setembro de 2022. Grandes projetos no mercado cripto, como Avalanche (AVAX), Polkadot (DOT) e Cardano (ADA), já utilizam o PoS. A principal diferença entre PoS e PoW é que, no PoS, os nodes não necessitam de grande poder computacional, mas sim de uma quantidade mínima de moedas digitais para participar do processo.
NFTs, criptomoedas e plataformas DeFi não são criadas da mesma maneira. Abaixo está o processo de criação de cada um:
NFTs
Os tokens não-fungíveis (NFTs) são representações criptográficas de itens únicos, como arte digital, música, vídeos ou até um tuíte. O processo de criação é relativamente simples: se você tem, por exemplo, uma arte digital, pode transformá-la em NFT cadastrando-a em plataformas como OpenSea ou Rarible. É necessário conectar uma carteira de criptomoedas a essas plataformas, e há taxas e comissões envolvidas.
Criptomoedas
Diferentemente dos NFTs, as criptomoedas não são únicas; elas são fungíveis, ou seja, podem ser trocadas por outra de mesmo valor, assim como dinheiro. Criptomoedas podem ser criadas com uma blockchain própria, como o Bitcoin (BTC) ou Cardano (ADA), ou podem ser geradas em blockchains de terceiros, como o Chainlink (LINK), criado na blockchain do Ethereum.
DeFi
As finanças descentralizadas (DeFi) consistem em serviços e produtos financeiros desenvolvidos em blockchains por meio de contratos inteligentes. Desenvolver uma plataforma DeFi exige um conhecimento técnico avançado. As DeFi incluem diversos tipos de serviços, como exchanges descentralizadas (DEX), plataformas de empréstimo e sistemas de pagamento. Protocolos populares incluem Uniswap (UNI) e MakerDAO.
Quem Pode Criar Criptomoedas?
De acordo com Vinicius Zampieri, sócio-fundador da Beplix, qualquer pessoa pode criar criptomoedas. No caso de tokens emitidos em blockchains de terceiros, é necessário apenas um conhecimento básico de programação.
“Isso depende da seriedade do projeto. Por exemplo, a blockchain do Bitcoin tem um protocolo de mineração muito rígido e imutável, o que significa que não é possível criar moedas de forma arbitrária. Por outro lado, você poderia criar um token agora, gerar um milhão de unidades e vendê-las por R$ 1 cada uma, por exemplo.”
Onde Criar Criptomoedas?
Além do Ethereum, existem outras blockchains que podem ser usadas para criar criptomoedas. Exemplos incluem a Solana (SOL), apoiada pela corretora FTX, a BNB Chain, patrocinada pela Binance, e Cardano. O processo de criação é semelhante em cada uma delas, mas cada rede tem suas próprias regras e taxas.
Como Identificar Shitcoins?
Devido à facilidade na criação de criptoativos, é essencial que os investidores pesquisem a fundo o projeto de uma criptomoeda antes de investir.
É importante ler o white paper (manual do projeto), verificar quem são as pessoas por trás do criptoativo, avaliar se possuem experiência no setor, conversar com outros investidores e consultar opiniões em fóruns e sites especializados.
O anonimato é geralmente um mau sinal no mercado de criptomoedas. Projetos que não revelam a identidade de seus criadores frequentemente resultam em golpes financeiros. A única exceção notável é o Bitcoin, que já demonstrou sua credibilidade ao longo do tempo, mesmo com o anonimato de seu criador.
Como as Criptomoedas Chegam às Corretoras?
As criptomoedas são normalmente listadas em corretoras após um acordo entre a exchange e os responsáveis pelo projeto cripto. Cada corretora segue suas próprias regras, mas geralmente levam em consideração fatores como questões técnicas, segurança, credibilidade e o tamanho da comunidade por trás da criptomoeda.
Segundo João Canhada, CEO da Foxbit, as corretoras são frequentemente influenciadas pela demanda do público. Quando uma criptomoeda é de interesse dos clientes, as corretoras começam a avaliar as condições técnicas de integração das carteiras, a segurança dos fundos, e a qualidade e relevância da criptomoeda no mercado global.
Por exemplo, a Binance, a maior corretora do mundo em volume de negociação, oferece um espaço em seu site para que interessados cadastrem novos tokens, seguindo uma série de regras e preenchendo formulários. No entanto, o processo é seletivo: em junho de 2021, o CEO Changpeng Zhao afirmou que “há 98% de chance de você não receber notícias nossas depois de enviar sua inscrição”, indicando que poucos projetos são aprovados.
A Coinbase, a maior exchange de criptomoedas dos EUA, também adota um processo similar, com análises detalhadas sobre segurança, compliance e aspectos técnicos antes de listar uma nova criptomoeda.
Minerar e criar uma criptomoeda são processos diferentes.
A mineração é o processo de validar e registrar novas transações na blockchain. Como recompensa por esse trabalho, os mineradores recebem novas moedas digitais que passam a circular no mercado. Essas moedas, no entanto, já estão programadas para serem criadas no código da criptomoeda desde o início, ou seja, seu surgimento era esperado.
No caso do Bitcoin, por exemplo, um bloco, que é um conjunto de transações, é minerado a cada 10 minutos. No início do BTC, em 2009, cada minerador que concluía esse processo recebia 50 Bitcoins. Esse valor é reduzido pela metade a cada quatro anos no evento chamado halving, o que contribui para a característica deflacionária do Bitcoin, segundo Vinicius Zampieri, da Beplix.
Por outro lado, criar uma criptomoeda nova, que não existia antes, é um processo mais complexo. Isso pode exigir conhecimento técnico básico se o token for criado em uma blockchain existente, ou um conhecimento mais avançado se for para criar uma blockchain própria.
As pessoas também perguntam
1. Como faço para criar uma criptomoeda?
Para criar uma criptomoeda, você pode seguir os seguintes passos:
- Defina o objetivo: Determine a finalidade da sua criptomoeda. Isso ajudará a definir suas características e funcionalidades.
- Escolha a tecnologia: Decida se você quer criar uma nova blockchain ou usar uma plataforma existente, como Ethereum, Binance Smart Chain ou Solana.
- Desenvolvimento: Se optar por uma nova blockchain, você precisará de habilidades de programação ou uma equipe de desenvolvedores para criar a infraestrutura. Para tokens, você pode usar padrões como ERC-20 (Ethereum) ou BEP-20 (Binance Smart Chain).
- Lançamento e Testes: Após o desenvolvimento, teste a criptomoeda para garantir que funcione conforme o planejado.
- Registro e Conformidade: Verifique as regulamentações locais para garantir que sua criptomoeda esteja em conformidade.
- Marketing e Lançamento: Após a conclusão, promova sua criptomoeda e inicie a venda ou distribuição.
2. Quanto custa criar uma cripto?
O custo para criar uma criptomoeda pode variar amplamente, dependendo de diversos fatores, como:
- Desenvolvimento: Se você contratar desenvolvedores, o custo pode variar de R$ 10.000 a R$ 100.000 ou mais, dependendo da complexidade do projeto.
- Infraestrutura: Custos relacionados à criação de servidores, manutenção de redes e segurança.
- Marketing: Gastos com promoção e divulgação da nova criptomoeda.
- Conformidade legal: Honorários para consultoria legal, se necessário.
Em resumo, os custos podem variar significativamente dependendo da abordagem que você escolher.
3. Como nasce uma criptomoeda?
Uma criptomoeda “nasce” quando é criada e lançada por desenvolvedores que definem suas características, como:
- Blockchain: Se é uma nova blockchain ou um token em uma blockchain existente.
- Algoritmos de consenso: Como a moeda será validada (Proof of Work, Proof of Stake, etc.).
- Distribuição: Como as moedas serão distribuídas (venda inicial, mineração, etc.).
O processo geralmente envolve um período de desenvolvimento, testes e um lançamento público, muitas vezes em plataformas de troca ou através de vendas iniciais (ICOs).
4. Como se cria um token?
Para criar um token, você pode seguir estas etapas:
- Escolha uma plataforma de blockchain: A maioria dos tokens é criada em blockchains existentes, como Ethereum, Binance Smart Chain ou Polygon.
- Decida o padrão do token: Escolha o padrão apropriado, como ERC-20 para Ethereum ou BEP-20 para Binance Smart Chain.
- Desenvolva o contrato inteligente: Crie um contrato inteligente que defina as regras do token, como nome, símbolo, suprimento total e funcionalidades. Você pode usar linguagens de programação como Solidity (para Ethereum).
- Teste o contrato: Realize testes em uma rede de testes (testnet) para garantir que o contrato funcione corretamente.
- Implante o contrato na blockchain: Após os testes, você pode implantar o contrato na blockchain principal (mainnet) e seu token será criado.
- Promova e liste: Após a criação, você pode promover seu token e listar em exchanges, se desejado.
Esses passos oferecem uma visão geral do processo de criação de criptomoedas e tokens. Se precisar de mais informações ou detalhes específicos, sinta-se à vontade para perguntar!